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segunda-feira, 28 de abril de 2008

Nunca se perdeu tanto num só tribunal

Essa vem sendo a projeção do afastado prefeito José Bispo dos Santos, o Zé Pretinho do PTB, que desde seu afastamento no dia 27 de fevereiro, vem sofrendo sucessivas derrotas na Corte da Justiça baiana. Afastado no Caso Matone, o prefeito argüiu já no dia 28 de fevereiro o pedido suspensão de liminar a Presidenta da Corte, que de pronto indeferiu o seu pedido.

No dia 07 de março Zé Pretinho ingressou com Agravo de Instrumento, que foi concedido pela desembargadora Rosita Falcão, porém após manifesto do MP no recurso, a desembargadora reconsiderou sua decisão na íntegra, mantendo o prefeito fora do Poder, por tempo indeterminado, conforme sentença de primeiro grau.

14 de março, data a qual o prefeito escolheu para ingressar com o pedido de Agravo de Instrumento contra o seu segundo afastamento, o Caso das Licitações, que não surtiu efeito diante do desembargador Ailton Silva, e no dia 23 de abril o martelo foi batido decidindo indeferir o embargo, impetrado por Zé Pretinho.

Por fim achando dificuldade em obter êxito nas reformas do Juiz Dr. Ricardo Dias de Medeiros Netto e nas denuncias do Promotor de Justiça Dr. Marcio Clovis Bósio Guimarães, o prefeito resolveu se declarar inimigo do Juiz, numa Ação de Exceção de Suspeição, que também não teve seus argumentos aceitos no tribunal.

O prefeito possivelmente deva desistir da batalha judicial e aguardar os prazos de seus afastamentos, porém tem uma luta política, junto a seu Processo de Cassação que tramita na Casa Legislativa. Existem informações de que no Superior Tribunal de Justiça, a pauta para esses tipos de recursos esteja obstruída até o ano de 2009, o que inviabiliza o prefeito ir a Brasília, em busca de retornar ao cargo.

Após incasáveis derrotas e certamente a um alto custo financeiro o prefeito afastado, segundo informações não confirmadas pelo blog, decidiu passar o final de semana em Una e muito abaixo do peso. Se não fosse o largo sorriso poderia até se confundido com o seu mago (magro) irmão Antonio Bispo dos Santos, o Milí.
A propósito, Drummond parecia prever o futuro.
JOSÉ
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José ?
e agora, você ?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José ?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José ?

E agora, José ?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora ?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora ?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José !

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José !José, pra onde ?

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