Por: Renê Sampaio – DRT 6.319
Administrar
na essência da palavra é o mesmo que gerir, todavia é preciso que ocorra um
vinculo afetivo-profissional entre o administrador, os administrados e os
colaboradores, além de se conhecer profundamente o que vai se administrar. O administrador
por excelência não é o mandão centralizador, mas o que exerce o poder de liderança,
com o único objetivo de coordenar o trabalho de seus colaboradores.
O líder
tem que ter uma excelente audição e um extraordinário poder de decisão. Às
vezes é preciso agir tão rápido na hora de decidir, quando os repentistas de
cordel nas suas respostas mirabolantes. A decisão deve ser serena, justa e ter
respaldo legal, independente que venha causar indigestão questionamentos de
alguns de seus liderados ou colaboradores.
O administrador
público não deve ser arrogante nem ter a prepotência como bandeira principal do
seu poder, que emana do povo, nem deve se curvar diante das criticas ou das
crises, que acaso venha enfrentar, e são pertinentes a administração pública. A
sua decisão sábia e soberana não precisa ser imediatamente satisfatória, mas o
tempo é quem dará a sua melhor interpretação a sua resposta.
A decisão
da prefeita de Ipirá, Ana Verena Colonezzi, não foi a das mais sábias, mas deve
deixar o legado, para os que pretendem subir a rampa do poder público, haja
vista que as novas técnicas de administrar, que os cientistas políticos chamam
de tecnocracia, logo-logo vai penetrar no seio da administração pública, a fim
de concretizar o adágio popular “quem não tem competência não se estabelece”.
Os riquíssimos
programas de informações dos tribunais, os padrões de tecnologia que o Estado Brasileiro
vem montando, são para que os leigos sejam excluídos da administração pública.
Malgrado, a diminuição de recursos livres aos prefeitos administrarem, às
verbas carimbadas que é uma realidade no dia-a-dia das prefeituras, tem
crescido os caixas das municipalidades, porém deixa os prefeitos com as mãos
atadas para apenas gerir o que lhe é pré-determinado.
O FPM,
O ICMS e as receitas próprias mal dar para pagar a folha, o consumo de
combustível e os serviços de água, energia e telefonia. Pior, isto não é escassez
de recurso, mas o resultado dos leigos que contrataram em excesso, a falta de
manutenção na patrulha mecânica, a falta de cumprimentos dos encargos sociais, e
às vezes os usos indevidos dos serviços de água, luz e telefone, este muitas das
vezes utilizado em desprezo a utilidade pública a favor de um interesse
pessoal.
A postura
de alguns administradores em economizar excessivamente, às vezes inviabiliza a
administração pública, todavia, este deve substituir o verbo gastar pelo termo
investir, mesmo porque esta ultima tem um som de empreendedorismo, o que,
aliás, tem faltado na administração pública. O gestor público deve ser
empreendedor na essência da palavra. Investir para ter o retorno futuro.
Mas o viés
da administração pública é a “desgraça” da política, pois para se chegar ao
poder, por menor que seja o compromisso, há meia dúzia de promessas, que após a
assunção do cargo se multiplica em dezenas de vezes. O prefeito tem que agradar
a Câmara para não inviabilizar o orçamento e os projetos de interesse do
Executivo. Ademais, o Brasil adotou o mecanismo da reeleição que complica ainda
mais a vida dos gestores políticos.
O
afastamento e a renuncia, bem como a falta de candidatos, daqui a alguns anos,
serão fatos corriqueiros no cenário da política nacional. Quem assume o cargo de
gestor público, dificilmente, ao sair do cargo, não leva de herança, no mínimo,
uma multa de 30% dos vencimentos anuais dos tribunais de contas. Há outros que
levam Ações Civis Públicas, Ação Penal, que sempre culmina em condenação a
prisão, bloqueio e perda dos bens.