Assessoria de Comunicação Social do MPE Data: 12/09/2008 Redatora: Aline D'Eça – MTb/Ba 2594
O Ministério Público estadual, por meio do seu Grupo de Apoio Especial de Combate à Sonegação Fiscal e aos Crimes Contra a Ordem Tributária (Gaesf), e a Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap) deflagraram na manhã desta sexta-feira, dia 12, uma operação para desarticular uma quadrilha de estelionatários comandada por um interno da Penitenciária Lemos Brito (PLB), que teria movimentado, somente entre 2007 e 2008, cerca de R$ 2 milhões. O alvo principal da ação, denominada Operação Lagarto, foi o detento Antônio Marcelo dos Santos, que se passava por funcionário do fisco para oferecer a contribuintes, através de contatos telefônicos, vantagens para a desconstituição e redução de débitos tributários, exigindo depósitos em contas bancárias de pessoas que fazem parte da quadrilha. Oito pessoas foram presas durante a operação, dentre eles o detento e outros membros de sua organização criminosa – composta por ex-funcionários da Secretaria de Justiça, agentes penitenciários, servidores terceirizados da Secretaria da Fazenda (Sefaz) e presidiários – , além de dois de busca e apreensão na cela e em um apartamento alugado pelo bandido. Participaram da ação, que teve o apoio do sistema prisional, 64 agentes de polícia, 10 delegados e os promotores de Justiça Solon Dias, coordenador do Gaesf, e Edmundo Reis, da Vara de Execuções Penais.
Cumprindo pena de oito anos e quatro meses por extorsão e estelionato, Antônio Marcelo dos Santos foi preso em Feira de Santana em 2002, mas já respondia a processos judiciais no estado de Goiás por crimes semelhantes, tendo, inclusive, falsificado uma certidão de óbito em seu nome. Dentro do Presídio de Feira de Santana, o criminoso deu continuidade à ação delitiva sendo, por isso, transferido para o Presídio Salvador em 2004. Em julho de 2007, novas e sucessivas denúncias voltaram a surgir contra ele. De acordo com o promotor de Justiça Solon Dias, um trabalho de inteligência realizado pela força tarefa formada pelo Gaesf, Dececap, Secretaria de Segurança Pública (SSP) e Sefaz constatou que, mesmo recluso, Antônio Marcelo continuava a praticar e liderar diversas ações criminosas, como estelionatos, tráfico de drogas e de armas, além de homicídios, praticados do seu “escritório”, no Corpo IV, cela D36, da PLB. Ele teria, inclusive, associado-se ao traficante Genilson Lino da Silva, vulgo “Perna”, preso na Operação Big Bang, deflagrada pelo MP em junho último.
“Utilizando-se de diversos aparelhos telefônicos, chips, facilidades e abastecido de informações, Antônio Marcelo não poupa esforços utilizando toda a sua habilidade para enganar as suas vítimas e, para tanto, se faz passar por auditor fiscal, delegado de polícia, inspetor da Polícia Rodoviária Federal, policial militar, entre outros, como um verdadeiro camaleão (ou lagarto)”, explica o coordenador do Gaesf. Segundo o promotor de Justiça, as ações criminosas do detento são apoiadas por pessoas que atuam “fora das grades” dando-lhe suporte, seja para encaminhar dinheiro, telefones, chips, sacar dinheiro, comprar armas e drogas, ou cometer os estelionatos. No final de julho, durante a Operação Sol Quadrado, também deflagrada na PLB pelo Ministério Público, a cela ocupada pelo criminoso foi vistoriada, sendo localizados vários cadernos e papéis com anotações de nomes de empresas e de pessoas, além de telefones, que correspondiam às novas denúncias de estelionato cometidas por ele, que somam 38 até o momento.