MP investiga 13 prefeitos envolvidos com o Matone e boa parte deles está no sul da Bahia. José Bispo dos Santos, o Zé Pretinho, está há quase um mês afastado da prefeitura de Una. Foi lá que estourou a ‘máfia’ do crédito consignado. Mas ele não está sozinho. A lista soma 13 prefeitos investigados pelo Ministério Público Estadual. E pode crescer ainda mais. Em Floresta Azul, a estimativa é de que R$ 1,5 milhão tenha sido desviado pelo prefeito Carlos Hamilton, o Garrafão, no esquema Matone. Outro envolvido, Linho Santana (Almadina), baixou hospital após ser revelado o esquema e o Ministério Público abrir investigação. O MP destacou quatro procuradores de justiça para investigar e punir os envolvidos com o esquema na Bahia.
Tanto em Una como Almadina, as investigações começaram após denúncias em A Região. O MP destacou a promotora Flávia Prado para investigar Linho Santana.
A lista de “clientes” do esquema Matone tem ainda as prefeituras sulbaianas de Guaratinga, Ibirapitanga, Gongogi e Itaju do Colônia, além de Euclides da Cunha, Aramari, Olindina, Itaberaba e Conceição do Jacuípe.
A estimativa é de que a ramificação da “máfia” do crédito consignado tenha chegado a 100 prefeituras, como Gandu – onde se suspeita que um servidor “tomou” empréstimo depois de morrer -, Camamu, Santa Cruz da Vitória e São José da Vitória.
A investigação contra os 13 prefeitos é conduzida pelo coordenador do núcleo de Investigação dos Crimes Atribuídos a Prefeitos (CAP), Valmiro Macedo ao lado de outros três promotores, Maria Adélia Bonelli, Antônio Faustino e Carlos Artur Pires.
Laranjas O esquema envolve a tomada de empréstimos vultuosos em nome de “laranjas” ou servidores do município, como são os casos dos municípios de Almadina e Una. A sede dos prefeitos por dinheiro no esquema do crédito consignado promove atos inéditos.
Em Almadina, além do prefeito colocar toda a família na folha (a filha, a mulher e um sobrinho) e nomear duas pessoas para uma mesma pasta, Linho Santana também “criou” a Secretaria Municipal de Segurança Pública.
A secretaria, claro, não existe nem foi aprovada pela Câmara, mas serviu para que Carlos Marcos Oliveira Fernandes, o “secretário”, tomasse R$ 11.400,00 em empréstimo ao Matone. O contrato foi assinado no apagar das luzes de 2006. Era 31 de dezembro.
O caso de Almadina é o mais espantoso pela criatividade do prefeito em nomear duas pessoas para um mesmo cargo. O prefeito é investigado na esfera cível pela promotora Flávia Prado, de Coaraci. Linho também falsificou declarações de rendimento e os contracheques.
O esquema é operado em todas as prefeituras com a falsificação de rendimentos. Funcionários que recebem salários entre R$ 600,00 e R$ 1 mil tomam empréstimos com parcela mensal de até R$ 2.970,00.
A parcela do empréstimo consignado, por lei, não pode ultrapassar 30% do salário percebido. A regra não era respeitada pelos gulosos prefeitos. Os empréstimos com garantias “podres” eram liberados pelo Matone, pois a dívida era quitada pelo município.